domingo, 23 de agosto de 2015

Noções de ordem e Grandeza - Enem

  • CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
  • FÍSICA
  • CONHECIMENTOS BÁSICOS E FUNDAMENTAIS NOÇÕES DE ORDEM DE GRANDEZA


Geralmente quando estudamos alguns exercícios envolvendo cálculos, sobre questões de física, química ou matemática, optamos, na maioria das vezes, pelo valor aproximado de uma grandeza. Essa opção ocorre por diversos motivos, sendo que em alguns casos nos faltam dados para a realização correta dos cálculos. Em outros casos, ainda, na realidade não existe um valor exato. A seguir temos um básico exemplo dessa última possibilidade.
Imagine que você e mais três amigos resolveram acampar em uma mata, por um período de sete dias. Sem ter a certeza de que encontrarão água limpa para beber, vocês resolvem levar água em quantidade suficiente para toda a viagem. Então, quanta água vocês deverão levar?
Resolução:


Em geral, para fazermos cálculos aproximados, precisamos de uma certa dose de intuição e algum conhecimento referente à situação estudada. No nosso exemplo, podemos partir do fato de que devemos beber cerca de 2 litros de água por dia. Como são quatro escoteiros, serão necessários pelo menos 8 litros de água por dia. Em uma semana, o número de litros de água que cada pessoa irá necessitar é 56.
Para dar certa margem de segurança, podemos arredondar esse número para 60. Assim, o ideal é que as pessoas levem pelo menos 60 litros de água. Esse é um exemplo básico do caso em que não existe um valor exato, pois o que se pode fazer é um cálculo aproximado.
Quando nossos cálculos são aproximados, costumamos dar o resultado final, ou seja, a resposta, expressa em potência de 10 mais próxima do resultado encontrado, e a resposta dada dessa maneira costuma ser chamada de ordem de grandeza. Assim, no exemplo citado anteriormente, em que a quantidade de água foi estimada em 60 litros, podemos observar que as potências de 10 mais próximas de 60 são 101 e 102:
101  < 60 < 102
Mas 60 está mais próximo de 10² que de 10¹, assim, a ordem de grandeza de 60 é 10². Consideremos, por exemplo, o número 850. As potências de 10 mais próximas do número 850 são 10² e 10³:
102  < 850 < 103
Porém o número 850 está mais próximo de 103 do que 102. Assim, a ordem de grandeza de 850 é 103.
Para obtermos a ordem de grandeza de um número N qualquer, em primeiro lugar faremos a sua representação na notação científica:
N = x .10y
Onde:
1 ≤x <10 e y é um número inteiro
Em seguida verificamos se x é maior ou menor que 5,5. Portanto:

Vejamos outro exemplo:
Qual a ordem de grandeza de N, tal que N = 2,8 . 107?
Resolução: podemos observar que 2,8 é menor que 5,5. Assim, fazemos a aproximação: . Portanto,  e a ordem de grandeza de N é 107.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e social.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE

MOVIMENTOS CULTURAIS NO MUNDO OCIDENTAL E SEUS IMPACTOS NA VIDA POLITICA E SOCIAL.

Entendendo a competência Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. Identidade, identidades. A nossa identidade é una e plural. A construção das identidades é um processo dinâ- mico, no qual se dá a identificação das semelhanças, daquilo que nos é comum, e a afirmação das diferenças. O Brasil faz parte do continente americano, espaço geográfico, cultural, político e social, inserido no contexto mundo globalizado. No século XXI vivemos um espaço/mundo em que se intensificaram os fluxos de informação e a circulação de pessoas, mercadorias, capital. Esse processo impactou os modos de produção e transmissão cultural, as relações dos indivíduos com o local e o global; os modos de constituição das identidades individuais e coletivas. As culturas nacionais e locais revelam uma multiplicidade de línguas, etnias, religiões, costumes, o que exige o conhecimento do eu e do outro para a compreensão ampliada das raízes históricas das diversidades e das singularidades socioculturais, os confrontos e encontros, as mudanças e as permanências na nossa história e as relações de pertencimento a uma história semelhante e diversa ao mesmo tempo. Estudar história, os elementos que constituem a nossa identidade, nos ajuda a compreender a diversidade, a respeitar o outro a conviver com ele – iguais e diferentes! 




Desvendando a habilidade Habilidade 5 – Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades. Um dos objetivos gerais da educação básica é fazer que com os que estudantes sejam capazes de conhecer e valorizar a diversidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como do de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais. Esta expectativa de aprendizagem requer a habilidade de “identificar”,
ou seja, aproximar-se do objeto de estudo, olhar atentamente, lê-lo, interpretá-lo, identificá-lo e apreendê-lo em suas diversas dimensões. Os registros, as fontes históricas e as leituras sobre os “Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e social”, como parte do nosso patrimônio, nos possibilitam identificar manifestações e representações da diversidade cultural e artística, conhecê-las e valorizá-las sem preconceitos e estereótipos. 







Situações-problema e conceitos básicos - Vamos iniciar esta reflexão, perguntando sobre um bem cultural de enorme visibilidade e presença no Brasil atual: qual o papel da televisão na sua vida? Em sua opinião, quais os impactos da televisão na vida política e social do mundo ocidental contemporâneo? Você já pensou sobre isto? Estamos cotidianamente tão imersos no universo cada vez mais sofisticado dos meios de comunicação de massa que, muitas vezes, nem percebemos como impactam as diferentes esferas da nossa vida – a TV, os jornais, o rádio, a internet, e as diferentes mídias. A presença da TV em nossos lares foi naturalizada, sendo estranha a sua ausência. Você conhece alguém que não assista TV ou não possua TV em sua casa? Segundo o pensador Manuel Castells, no século XX, o rádio e, em seguida, a televisão alteraram toda nossa gestão do tempo, seja pelo surgimento da simultaneidade da informação, seja pela adequação da rotina à emissão dos programas. Na virada para o século XXI, nas sociedades urbanas, o consumo de mídia era uma das duas maiores categorias de dispêndio de tempo, atrás apenas do trabalho (CASTELLS, 1999, p. 358). Ou seja, a TV aumentou o tempo que dedicamos ao consumo de mídias e ampliou a quantidade de informa- ções a que temos acesso. Mas, se estamos cada vez mais informados, isso significa que estamos cada vez mais cultos? A TV tem grande impacto na universalização de costumes, mercadorias, bens materiais e simbólicos. Viajando pelo nosso país e pelo mundo, encontramos as mesmas marcas de refrigerantes, roupas, carros e demais produtos da indústria cultural. Isto nos leva a concluir que a TV tem um papel importante na globalização das mercadorias, dos gostos e dos costumes. Torna familiar o que nos é estranho. E torna estranho o que nos é familiar! E na vida política, podemos identificar os impactos da TV? No Brasil atual, a TV tornou-se o principal meio de contato entre os políticos, os partidos e os cidadãos comuns, forma de propaganda gratuita, de visibilidade, de exposição dos discursos. Hoje, convivemos com os efeitos de novos meios como a internet que vem contribuindo para mudar o modelo de comunicação de massa, baseado na interação de um com muitos, inaugurando a relação de muitos com muitos (redes).

 Isto tem redimensionado as relações entre os sujeitos, os espaços e as temporalidades, criando novas formas de sociabilidade. Neste momento, vamos concentrar-nos no papel pioneiro da televisão que teve efeitos de grande proporção na vida cultural e política do país, desde os anos 1950, quando foi oficialmente inaugurada no Brasil.

A TV entrou nos lares brasileiros provocando mudanças consideráveis nos hábitos da população. A respeito desse impacto da TV na vida das famílias, veja o que escreveu Sevcenko: A caixa de pandora tecnológica penetra nos lares e libera suas cabeças falantes, astros, novelas, noticiários e as fabulosas, irresistíveis garotas-propaganda, versões modernizadas do tradicional homem-sanduíche. SEVCENKO, N. (Org.) História da Vida Privada no Brasil 3. República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Cia das Letras, 1999. No entanto, certos episódios da história brasileira revelaram que a TV, especialmente como espaço de ação da imprensa, tornou-se também veículo de utilidade pública, em favor da democracia, na medida em que revelou para o país casos de corrupção na esfera política de vários governos: atos de improbidade administrativa, mau uso dos bens públicos, seja na esfera local, seja na estadual ou na federal. Essas revelações contribuíram para a consolidação da democracia, na medida em que desmitificaram líderes políticos corruptos e ampliaram o acesso do cidadão/eleitor às informações referentes à gestão pública e às práticas dos servidores públicos, representantes políticos e agentes do aparato policial e judiciário. Neste sentido, a liberdade de imprensa aliada ao desenvolvimento dos programas tornou a TV o principal veículo de produtos culturais (novelas, filmes etc. ...) e um dos mais acessíveis no Brasil contemporâneo, que impacta significativamente a vida política democrática. Em outros tempos da história, outros movimentos importantes mudaram as formas de pensamento e expressão dos seres humanos, cujas marcas estão presentes até hoje.

Nessa perspectiva, vamos fazer um deslocamento temporal e espacial para lembrar um movimento cultural e artístico que influenciou profundamente a história ocidental. Desde então, o mundo não foi mais o mesmo, as formas de pensar e de se expressar mudaram radicalmente. Trata-se do Renascimento Cultural ocorrido na Europa, no inicio da chamada Idade Moderna.


O renascimento produziu impactos nas diversas esferas da vida cultural, social e política, na economia, na religião, na arte, no modo de ver e conceber o mundo. Defendia o humanismo, o racionalismo, a cultura laica, racional e científica. Resgatou valores e ideais das civilizações grega e romana. Foi o momento histórico de emergência e desenvolvimento das cidades, a ascensão da burguesia e expansão comercial. As manifestações artísticas, filosóficas e científicas expressaram os ideais do novo mundo, do novo homem, que marcam a transição do teocentrismo para o antropocentrismo, do feudalismo para o capitalismo. A diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades, os impactos dos movimentos na vida social e política atravessam as diferentes épocas e lugares.  

Homem Vitruviano O desenho do Homem Vitruviano feito por Leonardo Da Vinci, em 1492,
 no qual expõe o traçado e as propor- ções do corpo humano, constitui uma manifestação do ideal renascentista. “O Renascimento europeu dos séculos XV e XVI anunciava um novo homem, liberto do véu da teologia, envolvido com a natureza que se torna a medida de todas as coisas, capaz de inovar em todos os ramos do conhecimento e suficientemente curioso para ultrapassar as fronteiras da Europa. A inquietação desse homem renascentista deu-lhe a condição de descobridor do Novo Mundo”. (Adaptado de RODRIGUES, Antonio E. M. e FALCON, Francisco J. C. Tempos Modernos. RJ: Civilização Brasileira, 2000)

História dos povos indígenas e a formação sociocultural brasileira. Enem

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE
HISTÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS E A FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL BRASILEIRA

Os indígenas brasileiros são um dos três pilares da formação étnica do brasileiro, sua importância para a história da nação e sublime, atualmente os estudos históricos visando essa área são escassos, mas podemos conhecer um pouco mais sobre como era essa sociedade no texto a seguir.



alar sobre a história dos povos indígenas brasileiros pode ser muito controverso, pois desde de a chegada dos portugueses apenas os registros do colonizadores tem sido avaliados para criar uma “história” do povo indígena, deixando assim a história dos nativos ser registrada muito mais como a história dos colonizadores sobres os nativos, o fato de os povos indígenas terem uma tradição oral para transmitirem a sua história prejudica na hora de haver um trabalho histórico sobre este tema.

Existem alguns pontos que podem ser definidos, no primeiro contato com os índios em 1500, Pedro Vaz de Caminha mandou uma carta que hoje pode ser usada como documento histórico da época, por exemplo sabemos que os índios sobreviviam da caça, pesca e da plantação, em mesmo com ferramentas rudimentares, eles tinham um meio de vida completamente distinto do português colonizador, algo tão diferente que até mesmo hoje não conseguiríamos entender.



O processo politico dos índios era praticamente inexistente, mesmo que houvesse um líder ele não era o “comandante” de toda a tribo, era simplesmente um sábios que caso houvesse necessidade assumiria certas funções, por exemplo, durante um conflito contra outra tribo ele poderia assumir a função de líder militar, mas logo apos o conflito ela deixava essa posição e não exercia mais controle absoluto sobre as ações da tribo, assim como outras tradições como por exemplo, caçar e pescar só o necessário para sobreviver.

As mulheres cuidavam da alimentação e da criação das crianças, diferente de uma tradição cristã entre os índios não havia uma relação mutua de exclusividade entre um casal, as relações sexuais eram feitas de forma livre, e como não era possível identificar o pai de desta ou daquela criança, todas as crianças eram criadas juntas, sem diferenciação.

O primeiro contato entre portugueses e nativos brasileiros foi pacifico, vários presentes foram trocadas como bugigangas, arcos, roupas, etc. Certamente houve um estranhamento muito grande entre portugueses e índios, mas isso não impediu um primeiro contato tranquilo, uma verdadeira descoberta do outro.

Foram muitos os motivos que levaram a dizimação do índios no Brasil quando os portugueses chegaram no Brasil em 1500 estimasse que houvesse 100 milhões de índios, mas devido a doenças, ocupação de espaço pelos portugueses, escravização e suicídios coletivos contra essa mesma escravização, milhares de índios morreram durante o processo de colonização, principalmente tribos pacificas.

Hoje estimasse que há 400 mil índios pelo Brasil, situados em reservas florestais preservadas pelo governo, entretanto ainda há muita carência de um estudo aprofundado sobre a história e a realidade desse povo, sendo eles um dos três pilares étnicos da formação brasileira: Europeus, Negros e Índios, deveria haver mais dedicação em explorar e conhecer essas sociedades indignas e das muitas que já se perderam no tempo.



A luta dos negros no Brasil e o negro na formação da sociedade brasileira. Enem

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE
A LUTA DOS NEGROS NO BRASIL E O NEGRO NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA


No início da década de 90, surge no cenário da historiografia brasileira, o polêmico historiador Jacob Gorender, com sua obra provocativa “A Escravidão Reabilitada”, o Gorender, admite o escravo não aceitava a escravidão. Era obrigado a adaptar-se a ela. Demonstração disso, eram não só as fugas para os quilombos, das insurreições, mas também na vida cotidiana, como mau trabalhador, como sabotador do trabalho, exigindo assim, um alto custo de vigilância. “O escravo era um sujeito, tinha subjetividade, podia reagir ao senhor, seja pela insubordinação, pela astúcia, ou pela violência, ou mesmo em alguns casos – pela negociação. Isso não deixava de fazer com que, então socialmente, ele fosse uma coisa”.
Diante do exposto, podemos observar que a historiografia brasileira por muito tempo encarou a escravidão de forma bastante rígida. O escravo foi visto alternadamente como herói ou vítima e, sempre como objeto, de seus senhores, de seus próprios impulsos, ou ainda a história que se propunha estuda-lo.
Recentemente, na historiografia brasileira, vem ganhando corpo uma abordagem que vê a escravidão, sobretudo da perspectiva do escravo, um escravo real, não reificado nem mitificado, resgatando assim as pequenas e grandes conquistas do dia-a-dia daqueles que, inversamente ao que até hoje se supôs, resistiam a se tornar meras engrenagens do sistema que os escravizara.


A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA - TEXTO E QUESTIONÁRIO

O processo da colonização brasileira traz consigo traços culturais diferentes trazidos pelos europeus, índios e africanos, os quais contribuíram nos aspectos econômicos, sociais e políticos para a formação da identidade nacional. O negro começou a ser introduzido no Brasil no final do século XVI, com o objetivo de substituir a mão-de-obra indígena, passando a fazer parte como o principal construtor da grandeza econômica da colônia e um dos principais formadores da nossa sociedade.
Falar sobre a contribuição do negro para a formação da sociedade brasileira é falar daqueles que plantaram cana-de-açúcar, garimparam o ouro, construíram casas, casarões, igrejas, fortes, sobrados, cidades inteiras, num mundo feito para brancos,
os quais os viam apenas como animais ou objetos, ferramentas sem nome, sem memória, sem história e sem mérito algum pelo que realizaram na construção do país e da sociedade, que cada vez, mas os influenciava pela cultura, religião e até mesmo pela intensa mestiçagem, tanto com o branco como com o índio. O negro em geral não era tido como gente, e por isso não existia em termos de ter identidade, cultura e história. O negro, que outrora na África era príncipe ou rei de uma grande tribo, agora tinha seu nome, sua crença, sua dignidade e sua história apagada pelo europeu que o levou ao cativeiro.

O NEGRO NA ÁFRICA: O negro não veio de um continente desorganizado, sem cultura, sem tradição e sem passado. Essa visão distorcida da África era do europeu, ignorante de uma realidade diferente da sua. Para o europeu, o negro era um ser inferior e que só servia como escravo. A África tinha impérios e reinos, além de diversas confederações tribais e cidades-pousadas com seus ricos mercados no caminho do ouro, das especiarias e do marfim. Seus mercados eram ricos em variedades de coisas como o sal e até escravos (como os europeus também).

Em toda a África havia povos guerreiros, pescadores, caçadores, pastores, comerciantes e agricultores, ou seja, não era um continente desorganizado como afirmava o europeu. A religiosidade africana é diversificada (animismo, islamismo, cristianismo, etc.), assim como os idiomas e etnias. Havia rivalidades entre diversos povos e etnias africanos, assim como havia também entre os europeus. Quem capturava os negros na África eram em sua maioria os próprios negros, inimigos de reinos e tribos rivais, em troca de mercadorias dos traficantes (armas, pólvora, fumo, cachaça, cavalos, etc.). Isso nem nada difere dos brancos, os quais também escravizaram e comercializaram brancos, na antiga Grécia e Roma).

A VINDA PARA O BRASIL: Geralmente, os negros condenados a serem escravos eram os capturados através de guerras (de etnias inimigas) ou caçadas, os quais eram trocados por aguardente e tabaco. Os maltratos se iniciavam já no navio negreiro ou tumbeiro, onde os escravos vinham aglutinados e presos uns aos outros nos porões. Ali mesmo faziam suas necessidades e quase não se alimentavam. Tais condições precárias de higiene e alimentação geravam doenças e mortes. Em torno de trinta e cinco dias durava a viagem de Angola a Pernambuco,
quarenta até a Bahia, e cinquenta até o Rio de Janeiro. A mortalidade era alta a bordo (em torno de 20% dos escravos morriam durante essa longa viagem). A viagem nesses navios era certeza de morte para boa parte dos escravizados, mantidos amontoados como animais ou objetos, acorrentados. Os que adoeciam eram muitas vezes jogados no mar para que não dessem trabalho ou contaminassem os demais.

O NEGRO COMO MERCADORIA: 




O tráfico negreiro tornou-se um grande negócio, algo extremamente lucrativo, o que fazia com que os comerciantes portugueses não parassem seus navios para os devidos reparos, e tornou-se comum navios com problemas de calafetagem, imundície, mastros desgastados e outros problemas, alguns dos quais poderiam resultar em naufrágio. Tudo em nome do lucro a qualquer custo. Os navios eram bem equipados para o transporte, mas os traficantes, em busca de mais lucros, chegavam a aumentar a quantidade de escravos em prejuízo da quantidade de alimentos e até de água a bordo, pondo em risco a segurança de todos. Os negros viajavam empilhados sem espaço até mesmo para suas necessidades naturais. Os navios brasileiros eram menores do que os holandeses, mas carregavam mais negros: enquanto um holandês transportava 300 negros em uma caravela, um brasileiro podia chegar a transportar 500. Nessas condições, a taxa de mortalidade era elevada chegando a 57% o número de mortos em uma viagem. Quando os escravos chegavam ao Brasil, passavam pelo período de engorda para melhorar a aparência e obter melhor preço no mercado, já que chegavam magros e debilitados. Existiam duas formas de venda dos escravos: uma era a venda privada e a outra eram leilões públicos. Os leilões que geralmente aconteciam nos portos, eram feitos com escravos recém-chegados, quinze dias após o desembarque. Começava-se com os mais difíceis de vender (doentes, com problemas de dentição, ferimentos, etc.), finalizando com os mais saudáveis.

O NEGRO, MÃO-DE OBRA ESSENCIAL: Para o Brasil a importação de africanos fez-se atendendo-se adiversas necessidades e interesses, incluindo a falta de mulheres brancas, o serviço doméstico e até as necessidades de técnicos em trabalhos de metal, durante o ciclo da mineração. O Nordeste e o Sudeste da colônia fundaram sua riqueza sobre a produção maciça de alguns artigos primários de exportação, dentre as quais a cana-de-açúcar, que foi por muito tempo o produto rei, sobretudo nas áreas litorâneas. O negro foi o responsável pelo desenvolvimento do Brasil colonial. A terra de um engenho não valia grande coisa sem a presença da mão de obra negra necessária para todo o processo produtivo do açúcar. Durante o ciclo da mineração, o escravo também era a peça fundamental para a produção do ouro. No sul do país, a produção das charqueadas também foi baseada na mão de obra escrava. Escravos dos campos, das minas e dos sertões viverão de maneiras diferentes suas relações com a sociedade que os obriga ao trabalho forçado.

CONSTRUINDO A SOCIEDADE: “... Todo brasileiro, mesmo o alvo de cabelo louro, traz na alma e no corpo - a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano. Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo, na música, no andar, na fala, no canto de ninar, em tudo que é expressão sincera de vida. Trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava que embalou, que deu de mamar, de come. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem. Do moleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo. Já houve quem insinuasse a possibilidade de se desenvolver das relações íntimas da criança branca com a ama-de-leite negra muito do pendor sexual que se nota pelas mulheres negras no filhos de pais escravocratas. A importância psíquica do ato de mamar, dos seus efeitos sobre a criança, é na verdade considerada enorme pelos psicólogos modernos; e talvez tenha alguma razão para supor esses efeitos de grande significação no caso de brancos criados por amas negras. É verdade que as condições sociais do desenvolvimento do menino nos antigos engenhos de açúcar do Brasil, como nas plantações da Virgínia e das Carolinas - do menino sempre rodeado de negra ou mulata fácil - talvez expliquem por si sós, aquela predileção. Conhecem-se casos no Brasil não só de predileção, mas de exclusivismo: homens brancos que só gozam com negra. De rapaz de importante família rural de Pernambuco conta a tradição que foi impossível aos pais promoverem-lhe o casamento com primas ou outras moças brancas de famílias igualmente ilustres. Só queria saber de molecas. Outro caso, de um jovem de conhecida família escravocrata do Sul: este para excitar-se diante da noiva branca precisou, nas primeiras noites de casado, de levar para a alcova a camisa úmida de suor impregnada de bodum da escrava negra sua amante. Casos de exclusivismo ou fixação. Mórbidos, portanto; mas através dos quais se sente a sombra do escravo negro sobre a vida sexual e de família do brasileiro...”
“...Longe de terem sido considerados apenas como animais de tração e operários de enxada, os negrosdesempenharam uma função civilizadora. Foram a mão direita da formação agrária brasileira; os índios, e sob certo ponto de vista, os portugueses foram a mão esquerda. E não somente na formação agrária. A mineração no Brasil foi aprendida dos africanos, ou seja, os negros ensinaram aos brancos as técnicas de garimpagem, trazidas da África. Max Schmidt destaca dois aspectos da colonização africana que deixam entrever superioridade técnica do negro sobre o indígena e até sobre o branco: o trabalho de metais e a criação de gado. Poderia acrescentar-se um terceiro: a culinária, que no Brasil enriqueceu-se e refinou-se com a contribuição africana...” (Freyre, Gilberto. Casa Grande e Senzala).

ORIGENS E RESISTÊNCIA: Como povo escravizado, o negro jamais deixou de lutar tanto para libertar-se da escravidão como para manter sua identidade cultural, que significou uma luta diária pela manutenção de seus valores culturais reelaborando-os para não perder tudo.
Os povos africanos trazidos para o Brasil são originários de diversas regiões da África:
-África Ocidental - Yorubás (Nagô, Ketu, Egbá), Jejes (Ewê, Fon), Fanti-Ashanti (conhecidos como Mina), povos islamizados (Peuhls, Mandingas e Haussás);
-África Central - Bantos: Bakongo, Mbundo, Ovimbundo, Bawoyo, Wili (conhecidos como Angolas, Congos, Benguelas, Cabindas e Loangos);
-Sudeste da África Oriental - Tongas e Changanas entre outros (conhecidos como Moçambiques).
Estes povos trouxeram consigo seus costumes, crenças, línguas (hoje de uso litúrgico como o yorubá, o bakongo e o kimbundo), léxicos incorporados no nosso falar (línguas bantos), danças, ritmos, instrumentos musicais, culinária bem como seus deuses e seus ritos de culto. Mesmo dispersos no território brasileiro e, por vezes misturados para não se rebelarem (fazendo jus ao ditado "dividir para reinar"), retiveram uma parte de sua cultura para conservar sua identidade de grupo dominado. Por vezes, esta identidade constituiu um fator importante para resistir à escravidão. É o exemplo dos quilombos que existiram no Brasil-colônia dos quais o mais célebre foi o Palmares comandado por Zumbi. O Quilombo era uma instituição política dos guerreiros jagas ou yagas da Angola, termo que designava tanto a casa sagrada onde se realizavam as cerimônias de iniciação, como o campo de guerra e mais tarde o acampamento de escravos fugidos.
Nem a submetidos, nem os castigos físicos, eram suficientes para garantir a obediência dos escravos. Com alguma frequência, os castigos considerados excessivos podiam resultar em atos de vingança por parte dos escravos, resultando na morte do feitor, do senhor ou de seus familiares.
Os escravos reagiam de diferentes maneiras diante da opressão do sistema escravista. Da mesma forma que promoviam fugas e revoltas, aproveitavam a existência de pequenos espaços para a negociação. Espaços que eles próprios conquistaram ao mostrarem aos senhores a necessidade de terem certa autonomia para o bom funcionamento do sistema escravista. Um destes espaços foi a criação de irmandades católicas de negros. As irmandades eram espaços permitidos dentro da legalidade nos quais o escravo podia manifestar-se, fora de suas relações de trabalho. Eram, assim, os únicos canais possíveis de organização dos escravos dentro do sistema colonial. Desempenhavam também a função de auxílio, em caso de doença e/ou morte, e proteção aos seus membros. Em certo sentido, era através da religião católica que o escravo encontrava algum lenitivo para sua situação. Tudo indica que a permissão para a criação das irmandades de negros tenha sido dada com o intuito de obter melhores resultados na cristianização dos escravos, já que, para muitos senhores, as manifestações de alegria de fundo religioso serviam para tentar evitar as rebeliões, fugas e violência. Ainda hoje subsiste uma visão bastante equivocada de como era exercido o domínio senhorial. Frequentemente, quando se fala em escravos tem-se em mente a imagem de uma pessoa de cor negra acorrentada a um tronco. Entretanto, as pesquisas têm mostrado que não eram raras as ocorrências de escravos que saíam à noite e aos domingos, voltando ao trabalho no dia seguinte.
Era comum que negros desempenhassem funções que necessitavam de uma maior liberdade de ir e vir, como os escravizados que trabalhavam no transporte e venda de alimentos ou que trabalhavam embarcados. Isso sem falar em uma modalidade de exploração do trabalho escravo que consistia no aluguel do escravizado para terceiros, para os quais desempenhavam diversas atividades. Estes escravos eram chamados de “negros de ganho” e eram bastante comuns em ambientes urbanos. Os “negros de ganho” trabalhavam para seus senhores como vendedores, comercializando hortaliças, comidas prontas, peixes, fazendas e outros gêneros. Isso permitiu que muitos escravos conseguissem juntar certa renda para comprar sua carta de alforria.



A CULTURA: A contribuição negra vai além da povoação e da prosperidade econômica através do seu trabalho. Vindos de diversas partes da África, os negros trouxeram suas matrizes culturais e transformaram não apenas sua religião, mas todas as suas raízes em uma cultura de resistência social. A influência na língua portuguesa veio principalmente do iorubá, notada principalmente no vocabulário. (palavras como caçula, cafuné, moleque, maxixe e samba, entre centenas de outros vocábulos). O negro deu seu ritmo à música brasileira. Por isso se diz que a música popular brasileira nasceu na África. A raiz negra está em tudo: no samba, no pagode, no afoxé, no carimbó, maxixe, coco, maracatu, baião, forró, embolada, etc. Além dos ritmos, os africanos trouxeram também instrumentos, como o berimbau, agogô, maracá, alfaia, atabaques, etc. Nos esportes, o negro criou a capoeira, considerada desde 2008 como Patrimônio Cultural do Brasil e um dos poucos esportes genuinamente brasileiros.

A RELIGIOSIDADE: As diversas etnias africanas possuíam crenças diversas que se modificaram no espaço colonial. De forma geral, o contato entre nações africanas diferentes empreendeu a troca e a difusão de um grande número de divindades. A Igreja Católica se colocava em um delicado dilema ao representar a religião oficial do espaço colonial. Em algumas situações, os clérigos e os próprios donos de escravos tentavam reprimir as manifestações religiosas. Em outras situações, preferiam fazer vista grossa aos cantos, batuques, danças e rezas ocorridas nas senzalas. Do ponto de vista da elite colonial, a liberação das crenças religiosas africanas era positiva, pois alimentava antigas rivalidades contra outras etnias também aprisionadas, o que, em tese, dificultaria a ideia e a organização de fugas, revoltas e a formação de quilombos e levantes nas fazendas. Aparentemente, a participação dos negros nos rituais católicos poderia representar o ato de conversão; Contudo, muitos escravos, mesmo se reconhecendo católicos, não abandonaram a fé em sua religiosidade africana. Ao longo do tempo, a coexistência das crendices abriu campo para que novas experiências religiosas – dotadas de elementos africanos, cristãos e indígenas – fossem estruturadas no Brasil. Aos poucos nascem e se desenvolvem estruturas religiosas novas, mesclada de elementos africanos e europeus. Alguns senhores permitiram que os negros dançassem e cantassem aos sábados, domingos ou dias de festas. Já nas cidades, os batuques eram proibidos. Temia-se que os agrupamentos de escravos degenerassem em movimentos subversivos. As únicas festas autorizadas eram as de cunho cristão: a de Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos pretos, as congadas e outras do mesmo gênero.

História cultural dos povos africanos. Enem

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE


História cultural dos povos africanos.


A África é um continente de grande diversidade cultural que se vê fortemente ligada à cultura brasileira. Os africanos prezam muito a moral e acreditam até que esta é bem semelhante à religião. Acreditam também que o homem precisa respeitar a natureza, a vida e os outros homens para que não sejam punidos pelos espíritos com secas, enchentes, doenças, pestes, morte etc. Não utilizavam textos e nem imagens para se basearem, mas fazem seus ritos a partir do conhecimento repassado através de gerações antigas.

Seus ritos são realizados em locais determinados com orações comunitárias, danças e cantos que podem ser divididos em: momentos importantes da vida, integração dos seres vivos e para a passagem da vida para a morte.

Sua influência na formação do povo brasileiro é vista até os dias atuais. Apesar do primeiro contato africano com os brasileiros não ter sido satisfatório, esses transmitiram vários costumes como:

- A capoeira, que foi criada logo após a chegada ao Brasil na época da escravização como luta defensiva, já que não tinham acesso a armas de fogo;


- O candomblé, que também marca sua presença no Brasil, principalmente no território baiano onde os escravos antigamente eram desembarcados;



- A culinária recebeu grandes novidades africanas, como o leite de coco, óleo de palmeira, azeite de dendê.





Nas escolas e nos livros, costumamos estudar apenas a história de um povo africano: os egípcios. Porém, na mesma época em que o povo egípcio desenvolvia sua civilização, outros povos africanos faziam sua história. Conheceremos abaixo alguns destes povos e suas principais características culturais.



O povo Bérbere




Os bérberes eram povos nômades do deserto do Saara. Este povo enfrentava as tempestades de areia e a falta de água, para atravessar com suas caravanas este território, fazendo comércio. Costumavam comercializar diversos produtos, tais como : objetos de ouro e cobre, sal, artesanato, temperos, vidro, plumas, pedras preciosas etc.




Costumavam parar nos oásis para obter água, sombra e descansar. Utilizavam o camelo como principal meio de transporte, graças a resistência deste animal e de sua adaptação ao meio desértico.

Durante as viagens, os bérberes levavam e traziam informações e aspectos culturais. Logo, eles foram de extrema importância para a troca cultural que ocorreu no norte do continente.

Os bantos




Este povo habitava o noroeste do continente, onde atualmente são os países Nigéria, Mali, Mauritânia e Camarões. Ao contrário dos bérberes, os bantos eram agricultores. Viviam também da caça e da pesca.

Conheciam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este povo na conquista de povos vizinhos. Chegaram a formar um grande reino ( reino do Congo ) que dominava grande parte do noroeste do continente.

Viviam em aldeias que era comandada por um chefe. O rei banto, também conhecido como manicongo, cobrava impostos em forma de mercadorias e alimentos de todas as tribos que formavam seu reino.

O manicongo gastava parte do que arrecadava com os impostos para manter um exército particular, que garantia sua proteção, e funcionários reais. Os habitantes do reino acreditavam que o maniconco possuía poderes sagrados e que influenciava nas colheitas, guerras e saúde do povo.


Os soninkés e o Império de Gana




Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era comandado por reis conhecidos como caia-maga.

Viviam da criação de animais, da agricultura e da pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro. Extraíam o ouro para trocar por outros produtos com os povos do deserto (bérberes). A região de Gana, tornou-se com o tempo, uma área de intenso comércio.

Os habitantes do império deviam pagar impostos para a nobreza, que era formada pelo caia-maga, seus parentes e amigos. Um exército poderoso fazia a proteção das terras e do comércio que era praticado na região. Além de pagar impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados e lavradores, que trabalhavam nas terras da nobreza.

A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América. Enem

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
  • DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE
A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América

A escravidão é bem mais antiga do que o tráfico do povo africano. Ela vem desde os primórdios de nossa história, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Podemos citar como exemplo os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os começos da História.
No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI.
Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos 
engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. O transporte era feito da África para o Brasil nos porões dos navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.
O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos 
quilombos.
Estes eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845),
que proibia o tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de países que faziam esta prática.
Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.
Durante o período pré-colonial (1500 – 1530), os portugueses desenvolveram a atividade de exploração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período. A exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pela sua localização, já que as florestas estavam próximas ao litoral, mas também pela colaboração dos índios, com os quais os portugueses desenvolveram um tipo de comércio primitivo baseado na troca – o escambo. Em troca de mercadorias europeias baratas e desconhecidas, os índios extraíam e transportavam o pau-brasil para os portugueses até o litoral.



Houve reações em todos os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominação portuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanas desconheciam a hierarquia e, consequentemente, não aceitavam o trabalho compulsório. Antes dos estudos etnográficos mais profundos (fins do século XIX e, principalmente, século XX), pensava-se que os índios eram simplesmente "inaptos" ao trabalho, tese que não se sustenta depois de pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impacto desestabilizador do domínio forçado.

Conflitos entre europeus e indígenas na América colonial - ENEM

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS


1-Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade

1.3 Conflitos entre europeus e indígenas na América colonial.


CONFLITOS NO BRASIL:

A relação entre os portugueses e os índios vai muito além da utilização da mão-de-obra e da exploração do pau-brasil. Cabe destacar, que para o povoamento do território foi imprescindível as alianças entre portugueses e determinadas tribos indígenas que viviam no território brasileiro. Num ambiente extremamente hostil, com um número de homens insuficiente, as alianças com indígenas era de fundamental importância para que os portugueses pudessem fazer frente a outras tribos indígenas inimigas e invasores estrangeiros.


Há de se destacar, igualmente, que a guerra entre índios era algo comum, uma verdadeira obsessão, até mesmo pela grande diversidade de culturas indígenas disputando território. Não raro, essas tribos viam um grande potencial em se aliar com os portugueses com a finalidade de derrotar tribos inimigas. Nessas guerras entre índios, os portugueses conseguiram, sem grandes dificuldades, por exemplo, um grande número de indígenas que eram capturados por tribos inimigas e trocados com os portugueses. Nesse sentido, é justo dizer, que a conquista do território pelos portugueses – e o extermínio de milhares de indígenas – tal qual na América espanhola, foi realizada com grande colaboração dos nativos que habitavam o território brasileiro.




Foram os índios, ou mais especificamente, os tupiniquins, por exemplo, que ajudaram os portugueses a expulsar os franceses do Rio de Janeiro, e mais que isso, os índios ficaram responsáveis por resguardar aquela região de ataque de invasores externos. Como prêmio pela grande colaboração, inúmeras lideranças indígenas ganharam territórios e prestígio, adotando, por vezes, nomes portugueses e se integrando a sociedade colonial que estava sendo formatada. Se por um lado, existiu uma impressionante aniquilação de tribos indígenas inteiras – através da guerra, ou do choque biológico – por outro, certamente milhares de índios foram aculturados e incorporados na nova sociedade que estava sendo construída, dando origem à composição genômica da sociedade brasileira, que apresenta quase 10% de ancestralidade indígena.

Os tupiniquins tiveram importante participação na colonização portuguesa da região de Santos e Bertioga no século XVI e na fundação da cidade de São Paulo, em 1554, pelos padre jesuíta Manuel da Nóbrega. Eram aliados dos colonizadores portugueses.  O pesquisador Carlos Augusto da Rocha Freire consignou que os tupiniquins ocupavam, no século XVI, terras situadas entre o atual município baiano de Camamu e o Rio São Mateus (ou Rio Cricarê), no atual estado do Espírito Santo. Foram catequizados por jesuítas em "Aldeia Nova", sofrendo com pragas exógenas (como a varíola) e endógenas (como as formigas, que lhes destruíram as plantações). Serafim Leite consignara, em História da Companhia de Jesus no Brasil, que o Acampamento dos Reis Magos era, quase todo, composto por tupiniquins.
Em 1610, o padre João Martins obteve, para os nativos, uma sesmaria, mensurada somente em 1760. O principal centro desse território era a vila de Nova Almeida, que, na data de sua demarcação, contava com 3 000 habitantes. Auguste de Saint-Hilaire registra, no início do século XIX, sua existência.  Em 1860, o imperador brasileiro Pedro II encontrou-se, em Nova Almeida, com uma mulher tupiniquim, registrando o fato em seu diário. Em meados do século XIX, o pintor Auguste François Biard anotou sua presença em famílias dispersas, junto a imigrantes italianos. 


Etnias indígenas mais populosas no Leste-Nordeste brasileiro, atualmente
No século XX, o Serviço de Proteção aos Índios instalou, no Espírito Santo meridional, uma de suas zonas de atuação, sendo encontrados, em 1924, alguns tupiniquins.


 CONFLITOS NO OESTE DOS ESTADOS UNIDOS:

Os Estados Unidos da América conheceram um grande período de prosperidade econômica desde a sua independência, no século XVIII, até à política de expansão territorial, efetuada no século XIX. Os principais objetivos da expansão territorial resultaram da consolidação do capitalismo e da necessidade de garantir matérias-primas e mercados consumidores para os produtos industrializados.

Dessa necessidade de expansão territorial, surgiu, no ano de 1862, uma política regimentada pelo governo norte-americano, chamada de Homestead Act ou Lei do Povoamento, que tinha como principal finalidade a ocupação das terras a oeste.
Essa ocupação se deu a partir do momento em que o governo ofertou, por uma baixa quantia, uma gleba (lote de terra) para as famílias que aceitassem ocupá-las e cultivá-las. As grandes quantidades de estrangeiros que desembarcaram nos EUA vieram atraídas pela Lei do Povoamento.
Em decorrência da ocupação dos territórios do oeste, ocorreu a modernização dos sistemas de transportes. belts (plantações de milho, trigo e algodão) e a acentuação da criação de bovinos e suínos. Os EUA se transformaram, principalmente no século XIX, na maior potência agropecuária do mundo.
Foram implantadas ferrovias e a navegação a vapor, o que facilitou o deslocamento de pessoas e mercadorias. Teve início, também, a formação dos 
Com o crescimento acentuado da economia norte-americana, sobretudo em consequência da expansão territorial e da Marcha para o Oeste, devemos nos perguntar: o que aconteceu com as populações indígenas que ocupavam a maioria das terras a oeste?
Conforme veremos, com a ocupação dos territórios a oeste, após a aprovação da Lei do Povoamento, em 1862, as populações indígenas foram sendo combatidas, empurradas para fora de suas terras e exterminadas durante o processo de ocupação territorial.
Milhões de índios foram dizimados e exterminados, constituindo-se como as maiores vítimas da Marcha para o Oeste. Com a Lei do Povoamento, o governo vendia as terras sem a autorização dos verdadeiros donos: os povos indígenas, que habitavam essas terras séculos antes da chegada dos europeus e dos colonos.  
A Lei do Povoamento excluiu os povos indígenas do direito à cidadania, não os considerando cidadãos norte-americanos. O processo de extermínio da população indígena foi acontecendo gradativamente; as lutas e os conflitos entre colonos e índios foram inevitáveis. A partir do momento em que os colonos adquiriam as terras, através do governo, eles faziam de tudo para expulsar os indígenas. As grandes empresas, que construíram as estradas de ferro no interior dos EUA, pagavam atiradores para matar os bisões
(animal que era a principal fonte de alimentação dos indígenas), assim, com a escassez dos bisões, vários indígenas morreriam de fome.
Além das lutas travadas entre índios e colonos, o extermínio dos povos indígenas se acentuou com a intervenção dos soldados do exército norte-americano, pois esses realizaram enormes massacres contra aldeias inteiras. A expansão e a ocupação dos territórios a oeste trouxeram o fortalecimento da economia norte-americana, porém, em troca da expansão industrial e capitalista, milhões de índios perderam suas vidas e foram extintos.

A conquista da América - ENEM

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS


1- • Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade

1.2 A conquista da América

As provas do Enem já se aproximam, por isso trazemos hoje uma dica sobre um acontecimento específico da História da América que sempre é abordado no exame. Trata-se da conquista da América. Esse evento foi o ápice do contato entre a história do chamado “velho mundo” (a Europa, Norte da África e Ásia) como a do “novo mundo” que havia sido descoberto, ou com o mundo da América Pré-Colombiana.
Há numerosas discussões a respeito desse tema, com várias interpretações diferentes. Há aquelas  que evidenciam o extermínio das civilizações que habitavam as regiões do México, Guatemala e Peru (como os astecas, maias e os incas) por parte dos espanhóis e outras que evidenciam a crueldade dos rituais de sacrifício que essas mesmas civilizações perpetravam contra seus inimigos nativos. A despeito do viés interpretativo que cada historiador (ou antropólogo) reclama para sua análise, ambas as características citadas são verdadeiras e, assim sendo, é importante ter um domínio desses fatos que caracterizam o início da História da América. 
Nesse contexto, é importante levar em conta a impressão que os europeus tiveram das monumentais construções das civilizações pré-colombianas, bem como da forma de organização social e econômica desses povos. A capital do império asteca, Tenochtitlán, por exemplo, comportava mais de 200 mil pessoas, sendo uma das maiores cidades do mundo em 1519, data em que o conquistador espanhol Hernán Cortés lá esteve. Os adornos e utensílios feitos de ouro que os astecas traziam consigo também impressionaram bastante os europeus, já que um de seus objetivos era a busca de metais preciosos. 
O papel dos missionários jesuítas da Igreja Católica também foi fundamental nesse contexto. O processo de catequização e evangelização dos nativos da América, bem como sua posição contrária à violência deflagrada pelos conquistadores, é um dos temas potenciais que integram provas de vestibulares e do Enem. 
Com relação ao tema da conquista da América, houve nesse processo sobretudo um choque entre civilizações, choque esse que produziu um trauma que sempre retorna em vários momentos da história, tanto europeia quanto americana, como fica patente no trecho seguinte de Leslie Bethell:
“O trauma da conquista não se limitava ao impacto da chegada do homem branco e da derrota dos antigos deuses. O governo espanhol, ao mesmo tempo em que fazia o uso das instituições nativas, realizava sua desintegração, deixando apenas estruturas parciais que sobreviveram fora do contexto relativamente coerente que lhes dava sentido. As consequências destrutivas da conquista afetaram as sociedades nativas em todos os níveis: demográfico, econômico, social e ideológico.” (BETHELL, Leslie. [org.] América Latina Colonial. v. 1. São Paulo: Edusp, 1998.) [1] 

Cultura material e imaterial; patrimônio e diversidade cultural no Brasil - ENEM

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1- • Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade
1.1 Cultura material e imaterial; patrimônio e
diversidade cultural no Brasil.



Cultura Material e imaterial; patrimônio e diversidade cultural no Brasil

Patrimônio Cultural pode ser definido como um bem (ou bens) de natureza material e imaterial considerado importante para a identidade da sociedade brasileira.

Carnaval com bonecos gigantes faz parte do Patrimônio Imaterial.

O Patrimônio Cultural pode ser definido como um bem (ou bens) de natureza material e imaterial considerado importante para a identidade da sociedade brasileira.

Segundo artigo 216 da Constituição Federal, configuram patrimônio “as formas de expressão; os modos de criar; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.”

No Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é responsável por promover e coordenar o processo de preservação e valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro, em suas dimensões material e imaterial.

Os bens culturais imateriais estão relacionados aos saberes, às habilidades, às crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Desta forma podem ser considerados bens imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano das comunidades; manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; rituais e festas que marcam a vivência coletiva da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; além de mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais.

Na lista de bens imateriais brasileiros estão a festa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a Feira de Caruaru, o Frevo, a capoeira, o modo artesanal de fazer Queijo de Minas e as matrizes do Samba no Rio de Janeiro.

O patrimônio material é formado por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis – núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais – e móveis – coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.

Entre os bens materiais brasileiros estão os conjuntos arquitetônicos de cidades como Ouro Preto (MG), Paraty (RJ), Olinda (PE) e São Luís (MA) ou paisagísticos, como Lençóis (BA), Serra do Curral (Belo Horizonte), Grutas do Lago Azul e de Nossa Senhora Aparecida (Bonito, MS) e o Corcovado (Rio de Janeiro).

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Modos de organização da composição textual - Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência - Enem

Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência - Enem

Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias

Estudo do texto: as sequências discursivas e os gêneros textuais no sistema de comunicação e informação 

Modos de organização da composição textual 

Quando lemos uma história esperamos encontrar no enredo determinados elementos que a fazem se classificar como tal: personagens, narrador, apresentação, complicação, clímax e desfecho final, entre outros, igualmente importantes. Já ao nos depararmos com um texto de opinião, nossa perspectiva mantém-se fiel: desejamos que as ideias estejam prontamente definidas, de modo a percorrermos um trajeto que nos conduz ao início, perpassa por um desenvolvimento e nos conduz a um fim, a uma conclusão.

Alguns textos, como é caso de “A arte da construção textual” e “A produção textual - uma análise discursiva” exploram de forma efetiva os pressupostos que envolvem a tessitura textual. Dessa forma, tendo-os como suporte, ampliaremos ainda mais nossa discussão sobre o assunto em pauta, com vistas a fazer com que você, caro (a) usuário (a), aprimore cada vez mais suas habilidades no que tange à arte de redigir.

O primeiro passo, dentre os muitos a seguir, é se conscientizar de que tal procedimento (o da construção textual) tende a se assemelhar a fatos corriqueiros, como é o caso de um percurso que se faz de um lugar a outro, bem como a construção de uma casa. Em ambos os exemplos, “planejamento” é a palavra-chave. Ora, se tudo não for milimetricamente projetado, há grandes possibilidades de as paredes desmoronarem, ou, no caso do primeiro deles, há o risco de ficarmos rodando por horas sem chegar a lugar algum.

Consideramos que não se trata de uma tarefa fácil, sem dúvida. Mas para que nosso projeto obtenha êxito, alguns passos são considerados essenciais, a começar pela preparação das ideias.

Torna-se inviável discorrer acerca daquilo que desconhecemos. Imagine que, estando você a narrar algo, sua criatividade, num piscar de olhos, venha a falhar. Pronto, lá se foi o sonho de encantar o leitor com sua história. Outro caso: pense você que sua tarefa seja a de se posicionar em relação a algum assunto, defendo-o por meio de argumentos que o justifiquem ou o contrariem. Será que suas ideias foram construídas com base nos “achismos”? Ou será que você se mostrou como um verdadeiro defensor de suas opiniões, de seus posicionamentos?

Dessa forma, de modo a se mostrar como alguém que realmente conhece o que está dizendo, faz-se necessário praticar a leitura constantemente. Mas seria o caso de ler somente obras de grandes clássicos? Não, você pode perfeitamente ser eclético nas suas escolhas, contanto que saiba separar o “joio do trigo”. Agindo como tal, os argumentos que você se dispuser a defender serão baseados em fontes confiáveis – condição essencial para uma boa postura enquanto emissor de um texto. Outro aspecto diz respeito ao final que dará a seu texto: lembre-se de que tal parte deve ter um argumento eficaz, que remeta à ideia defendida no início.

Você preparou as ideias? Eis que é chegado o momento de organizá-las. Nesse sentido, organize-as de modo a respeitar uma lógica interna: fato esse que tudo tem a ver com a construção dos parágrafos, mantendo-os coesos, claros e precisos. Outro aspecto, também muito importante, é saber condensar suas ideais, de modo a não deixá-las carentes de conteúdos, tampouco abusivas de informações, ou seja, ser habilidoso (a) em saber dosá-las é, antes de tudo, sinal de competência e habilidade. Lembre-se também que seu texto jamais poderá representar uma imagem de você mesmo (a), por isso mantenha-o o mais imparcial possível, deixando as emoções e os juízos de valor para a “hora certa”, ou seja, haverá circunstâncias comunicativas em que tais atitudes poderão ser perfeitamente exploradas.

Colocando tudo em prática: momento em que você irá materializar tudo aquilo que planejou. Para tanto, algumas dicas se revelam como preponderantes, entre elas:

- A primeira delas é se colocar como leitor de sua produção, ou seja, como você gostaria que as ideias ali estivessem dispostas. 

- Outra questão diz respeito à clareza da mensagem, dada a evidência de haver “múltiplos” interlocutores. Desse modo, para não correr o risco de não ser bem interpretado, seja claro em tudo que disser.

- Voltando à questão do caráter coesivo de seu texto, procure fazer com que um parágrafo nunca encerre a ideia em si mesmo, pois é preciso haver uma interligação entre todos eles (os parágrafos). 

- Procurando cuidar bem da performance textual, nada mais sugestivo que variar a estrutura sintática, quando a situação assim o permitir, é claro. Um exemplo é o uso do predicado antes do sujeito, como em: vã foi a luta/ caótico é o trânsito/ imprecisos são os detalhes, entre muitos outros. 

Pois bem, todas as elucidações aqui firmadas tendem a colaborar para o aprimoramento de uma competência necessária a todo usuário do sistema linguístico: a escrita. Esperamos ter contribuído para a conquista dela!

Políticas Afirmativas - Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência - Enem

As políticas públicas brasileiras historicamente podem ser caracterizadas por medidas de cunho assistencialistas contra a pobreza, mediante a exigência de alguns movimentos sociais que propunham uma participação mais ativa do Poder Público em relação às questões de nação, gênero, etnia, como também soluções específicas para efetivar a solução de tais questões, como as ações afirmativas.
Para que possamos compreender as implicações que tal medida representa devemos levantar fatos históricos e sociais que estão intrínsecos na conjuntura política para que possamos apreender como tais medidas foram tornando-se possíveis.
O debate entorno desta questão foi balizado à partir de 1968, através do Ministério do Trabalho do Tribunal Superior do Trabalho, na qual os técnicos posicionaram-se a favor da criação de uma lei que exigisse que os empresários destinassem uma parcela mínima de suas vagas de emprego destinadas a trabalhadores de etnia específica (afro-descendentes) no entanto, tal lei não foi efetivada.
Somente mais tarde em 1980 houve a primeira formulação de uma lei nesse âmbito, pretendendo formular políticas de caráter compensatório mediante a questão dos afro-descendentes com a intenção de combater a discriminação. Entre as medidas elaboradas podemos identificar: reserva de 20% de vagas para mulheres negras e 20% para homens negros na seleção de candidatos ao serviço público; bolsas de estudos; incentivos às empresas do setor privado para a eliminação da prática da discriminação racial; bem como introdução da história das civilizações africanas e do africano no Brasil. Porém esse projeto não foi aprovado pelo Congresso Nacional, mas as mobilizações em torno desta pauta continuaram através de alguns setores do Movimento Negro que insistiam em denunciar o “mito da democracia racial”.
Em 1988 através da abertura política e a implantação da Constituição Federativa, por meio do artigo 37 é estabelecido um percentual dos cargos públicos para os portadores de deficiência, é neste âmbito que começam as primeiras deliberações em torno da política de ações afirmativas. Essas primeiras iniciativas advindas do Poder Público apontaram parcialmente para o reconhecimento de algumas problemáticas como a questões raciais, étnicas, de gênero e em relação aos deficientes físicos, de forma que foi no ano de 1995 adotado nacionalmente a primeira política de cotas correspondendo à reserva de 30% das vagas para as mulheres exercerem atividade em cargo político.
Em meio a essa configuração social foi realizado em 1996 a “Marcha Zumbi” grande manifestação, na qual foi elaborado um documento com suas proposições e seguidamente encaminhado ao Presidente da República. Ainda neste mesmo ano é lançado um Programa Nacional dos Direitos Humanos onde se procurou desenvolver ações afirmativas com o objetivo de promover o acesso aos cursos de graduação e tecnólogos de ponta, como também a elaboração de políticas públicas compensatórias para a comunidade negra.
Nesse contexto foram apresentadas algumas propostas, tais como: bolsas de estudo, o pagamento de indenizações para os descendentes de escravos, o governo deve garantir a presença nas instituições públicas de ensino em todos os níveis, a criação de um Fundo Nacional para o desenvolvimento de tais ações, alteração no processo seletivo de ingresso ao ensino superior, com a criação de ações afirmativas voltadas para determinados grupos étnicos. Os projetos estabelecidos ressaltam exclusividade para questão raciais, étnicas ou sociais. Com relação aos grupos raciais o público alvo são os negros, afro-brasileiros, descendentes de africanos, como também setores socialmente discriminados, como a população indígena, alunos oriundos da instituição pública.
Com relação às proporções dos beneficiados pela lei, não há padrões que determinem o percentual das vagas reservadas, uns definem todo o grupo, racial ou social, outros definem porcentagens específicas para cada grupo.
Algumas das justificativas que salientam para a importância de tais medidas é o fato de que a educação é um instrumento que possibilita a ascensão social, através de dados que demonstram o escasso acesso da população pobre e negra no ensino superior brasileiro. Entram nessa questão razões históricas, como a escravidão, fatores que contribuíram para efetivar as desigualdades que representam uma dívida do Poder Público em relação a esses setores da sociedade.